(02/04/2011)
Este trabalho tem como objetivo informar de uma maneira mais simples sobre os Transtornos de personalidade antissocial, com enfoque em Sociopatia, demonstrando quais os primeiros passos que pais e educadores precisam tomar ao notar que uma criança se isola e se torna anti-social. Hoje, além da Inclusão escolar, nos deparamos com novos Transtornos que afligem pais e educadores, estes que por sua vez, possuem pouco embasamento para trabalhar e auxiliar as crianças dentro de tantas dificuldades. Através de pesquisas bibliográficas procuro apresentar fatos e sugestões para que o ambiente familiar e escolar possam se unir e conseguir em trabalho conjunto auxiliar estas crianças que muitas vezes estão sozinhas, não só por escolhas próprias, podendo então, adentrar no mundo social estando preparados para todos os desafios que a vida nos impõem.
INTRODUÇÃO
"A gente resiste muito a acreditar na existência do MAL enquanto prática humana! Mas ele está aí, vizinho, rondando cada um de nós, e a gente nem se dá conta! O que assusta nessas pessoas é que elas parecem tão comuns, tão gente igual à gente... " Glória Perez.
Quando penso em crianças que se mostram distantes de tudo que acontece, distante dos coleguinhas, da professora, dos familiares, penso e tento refletir como auxiliá-los e como, pois muitas vezes estas crianças estão em seus pequenos mundinhos, caraminholando coisas terríveis, sonhos, desejos, revendo pequenos traumas, tramando um futuro, e talvez, até o futuro dos outros. Tenho feito pesquisas por muitos materiais para conseguir entender o fato de crianças que se demonstram alheias ao mundo, antissociais, malvadas, crianças que conspiram contra os outros, que convencem sem ressentimentos, crianças Sociopatas, e talvez, Psicopatas.
Alguns escritores não diferenciam o Sociopata de um Psicopata, eu, particularmente, acredito em uma diferenciação, acredito que o Sociopata se apresenta no anti-socialismo, se isolando, observando, mas não atuando, não chegando ao fim cabível de maltratar, de matar. Podem enganar? Sim, com certeza, para conseguirem seus objetivos mentem, fantasiam, porém não matam. O Psicopata é mais frio, mais calculista, ele observa, mente, engana, e por fim, muitas vezes além de deixar a pessoa sem nada financeiramente e emocionalmente, ele maltrata, ele fere, ele mata.
Mas, o que isso interfere na educação? Tudo!!
As questões de Transtornos de personalidades antissociais são capazes de resultar em comportamentos muito diferenciados, e que muitas vezes, muitos pais não conseguem identificar. "Meu filho anda com más companhias" Será que são os outros as más companhias? Será que não pode ser seu filho? Quem garante?
Muitos dos transtornos de personalidade são diagnosticados após muito tempo de terapia, adultos que depois de muito "dançarem" na vida conseguem um diagnóstico incomum para eles. Mas, temos que tomar cuidado, não basta ter que ser e usar isso como desculpa para fazer o que bem entender, é preciso compreender as concepções de cada fato, de cada transtorno, procurar ajuda e ajudar-se, se não, não há nada que o impeça de continuar seguindo a vida de uma maneira irreal.
Preocupo-me com o futuro das crianças, tantas sem limites, tantas fazendo o que bem entendem, quem garante que a família e a escola não colaboram para estas crianças se tornarem Sociopatas? Anti-sociais? Nosso mundo está ensinando isso a nossos filhos, “ficar” no mundo da internet, nos jogos virtuais de guerras e de sexo, enganosos em suas condutas; nem sempre vistas corretamente por pais e professores e muitas vezes reforçadas por estes, eles convivem nas razões errôneas do que a sociedade acaba impondo, nas culturas "podres" dos modismos.
“O mundo é um lugar perigoso para se viver, não exatamente por causa das pessoas que são más, mas por causa das pessoas que não fazem nada quanto a isso.” (Albert Einstein, s/d, s/p)
O papel da família, assim como o da escola é ensinar e encaminhar seus filhos e alunos para um bem comum, moral e ético, porém, muitas vezes algumas crianças que apresentam certo anti-socialismo, são muitas vezes ignoradas, descriminadas ou encorajadas a continuar neste caminho. Qual é o papel da sociedade em relação a isto? Como a família e a escola podem dar as mãos para que estas crianças no futuro não se tornem Sociopatas agressivos e até mesmo psicopatas?
Durante meu estudo, procurei embasar cada dúvida que como professora ronda meus pensamentos, e após muitas pesquisas, acredito que, enquanto a sociedade não mudar seu foco para mais demonstrações de afeto e carinho, e poucas tragédias de “passadas de mão” na cabeça de pessoas más, nem mesmo a família ou a escola mais ética e moral, poderá auxiliar crianças que tenham tendências sociopatas.
TRANSTORNOS DE PERSONALIDADE
“È impossível ser feliz sozinho”. “O Direito existe para dirimir os conflitos sociais”. “amar é deixar que o outro seja”. Explicações poéticas, jurídicas, filosóficas, sociológicas demonstram que o indivíduo tem necessidade de criar laços e vínculos, para sua saúde mental e satisfação de seus interesses afetivos, profissionais, familiares, etc. (Suecker,Betina Heike Krause; in Sociopatia:Transtorno e delinqüência, p.25,s/d.)
Podemos dizer que a origem de um Transtorno de personalidade advém da primeira infância, dos meses iniciais de vida. Neste período, o recém nascido não desenvolve com a mãe uma relação de confiança, não aceita ou recebe o sentimento de que é acolhido e amado, sentindo, portanto, o descaso da mãe, o bebê se volta a si próprio, egocentricamente, e, no desenrolar de suas experiências, seu inconsciente ‘id’ regido pelo princípio de prazer e sua consciência ‘ego’ representado pelo princípio da realidade não contemplam adequadamente o ‘superego’, este que, por sua vez deveria compor os juízos de censura, discernimento acerca do bem e do mal, e sua construção moral.
Uma vez que esta indiferença afetiva é integrada no ser humano, ele se perdura por toda vida, podendo inclusive, ser transmitido de geração a geração em alguns casos, até mesmo pela influência genética.
Como as relações parentais não se desenvolvem de forma sadia, o superego não é desenvolvido, portanto, as pessoas com sociopatia não sofrem pelos atos ilícitos ou imorais e suas conseqüências, pois não se preocupam com tais fatos, já que este estímulo não foi gerado.
A psicopatologia do desenvolvimento humano tem apontado tanto para os problemas de condutas como os emocionais, e para que se realize uma intervenção é necessário uma consolidação dos fatos inerentes aos acontecimentos, portanto, se faz conveniente e necessário conhecer as características básicas das etapas que a criança ou adolescente está apresentando, para que um diagnóstico precoce não interfira mais em seu desenvolvimento cognitivo, moral e ético.
Dentre a área da psicologia e psiquiatria, consideram-se Transtornos de conduta perturbadora, segundo o DSM-IV-TR (APA, 2000):
• Transtornos de déficit de atenção com ou sem hiperatividade (TDAH)
• Transtorno desafiador de oposição (TODO)
• Transtorno de conduta dissocial.
• Transtornos de personalidade.
Hoje em dia, é possível distinguir as formas de atuação dos seres humanos na sociedade baseando-se na atenção e observação, com um repertório de condutas disruptivas os portadores de Transtornos de personalidades vão se mostrando.
Temos que tomar cuidado com os enfoques dados nestas observações, já que crianças e adolescentes ainda estão em fases diferenciadas de desenvolvimento e muitas vezes se mostram isolados e agressivos de acordo com as exigências da sociedade, dos modismos e das culturas em que se inserem. Faz-se necessário ampliar a atenção nos casos de crianças e adolescentes que se isolam diariamente, que fogem ás regras da sociedade em comum no ambiente em que estão inseridos, seres humanos que não incomodam e não interferem nas condutas alheias ou dinâmicas apresentadas.
O maior desafio de nossa sociedade é poder prevenir e cuidar da saúde mental de escolares, mas, para isso, torna-se imprescindível uma atuação multidisciplinar em que todos possam desempenhar o papel de auxiliador e cuidador destas pessoas que apresentam tantas dificuldades de se relacionar e viver em sociedade.
(08/04/2011)
SOCIOPATIA
Existem opiniões divergentes entre as diferenças ou igualdades de sociopatia e psicopatia, ambos demonstram uma mente malvada, pessoas perigosas, porém, como já havia dito, existe uma diferença entre o “pensar” e o “atuar”.
Muitos utilizam a palavra sociopata por pensarem que apenas fatores sociais desfavoráveis sejam capazes de causar o problema, outros, acreditam, que os fatores genéticos,biológicos e psicológicos estejam envolvidos na origem do transtorno e adotam o termo psicopata. Acredito que há uma junção entre ambos os fatores, que o sociopata possua déficits genéticos,biológicos e psicológicos, porém, o sociopata possui em seu interior uma medição mais ampla do ato pensar/realizar, ou seja, ele não finaliza suas idéias, não agride fisicamente, não mata.
Seja como for, as opiniões relevadas, uma coisa é certa: todas estas terminologias (genética, fatores biológicos, ambiente social e fatores psicológicos) definem uma perfil transgressor.
Tratar de sociopatia torna-se um estudo intenso, pois estas mentes apresentam-se frias, calculistas, são pessoas indescrupulosas e dissimuladas que visam vínculos sociais e emocionais em seu próprio bem/favor, são desprovidos de culpa ou remorso, no caso de psicopatia agressivos e violentos. Podemos enfatizar o sociopata como “predadores sociais”.
Esses indivíduos charmosos e atraentes frequentemente deixam um rastro de perdas e destruição por onde passam, suas marcas principais são a impressionante falta de consciência nas relações interpessoais estabelecidas nos diversos ambientes do convívio humano. O jogo se baseia no poder e na autopromoção ás custas dos outros, e eles são capazes de atropelar tudo com tal egocentrismo e indiferença. Na visão matemática, a visão desprezível dos sociopatas e psicopatas só existe em um acréscimo lateral onde apenas eles são beneficiados.
Este Trasntorno de Personalidade envolve um tema de fato muito sombrio, com drásticas implicações para todas as pessoas de bem, que lutam diariamente para construção de uma sociedade mais justa e humana, os sociopatas tem consciência de seus atos ( a parte cognitiva ou racional é perfeita) eles sabem perfeitamente que estão infringindo regras sociais e os motivos de que estão agindo desta maneira. Suas deficiências estão no campo das emoções, dos afetos, por isso, tanto faz ferir ou até matar, mesmo que este faça parte de seu convívio íntimo. Isto faz parte de uma escolha exercida de forma livre e sem qualquer culpa.
Para podermos compreender melhor o Transtorno de personalidade que envolve a sociopatia, será elencados alguns itens detalhados e importantes:
• Impulsividade: a impulsividade apresentada pelos sociopatas visa sempre alcançar prazer, satisfação ou alívio imediato em determinadas situações, sem qualquer vestígios de culpa ou arrependimentos.
• Autocontrole deficiente: buscam sempre a satisfação imediata, visando seus próprios desejos sem qualquer preocupação com o futuro. Muitos não possuem um controle arbitrário sobre seus comportamentos.
• Necessidade de excitação: são intolerantes ao tédio ou a situações rotineiras, buscam situações que possam mantê-los em um estado permanente de alta excitação.
• Falta de responsabilidade: para estas pessoas obrigações e compromissos não significam absolutamente nada, são incapazes de ser responsáveis e confiáveis que se estendem para todas as áreas de suas vidas.
• Problemas de comportamento precoces: apresentam diferenças comportamentais desde muito cedo, como mentiras decorrentes, trapaças, pequenos roubos, vandalismos e pequenas violências mentais. Apresentam também comportamentos cruéis com animais, também incluindo irmãos e colegas íntimos.
• Comportamento transgressor no adulto: mesmo com normas de condutas sociais e familiares, estes jamais deixarão de apresentar comportamentos antissociais, o que podem mudar é a forma de exercer suas atividades ilegais durante o percurso de suas vidas.
Torna-se importante ressaltar que estes detalhes elencados acima não são os objetivos de diagnósticos, apenas informações que auxiliam o conhecimento do Transtorno referido.
"Aquele que vence escreve Lewin, situa seu próximo alvo pouco (mas não muito) acima de seu último êxito. Assim, ele eleva regularmente seu nível de aspiração (...). Aquele que malogra, por outro lado, pode ter duas reações diferentes: ele pode situar seu alvo muito baixo, freqüentemente aquém de seu êxito passado (...), ou então, ele situa seu alvo acima de suas possibilidades. Vê-se, com clareza, que, segundo um processo circular, um moral baixo engendra uma perspectiva temporal ruim, que, por sua vez, engendra um moral ainda mais baixo; enquanto que um moral elevado não somente suscita alvos elevados, mais ainda tem oportunidades de criar situações de progressos capazes de conduzir a um moral ainda melhor." _ Kurt Lewin (1948, p.113) in Boudieu (2004, pp.49-50)
(16/04/2011)
EDUCAÇÃO MORAL E ÉTICA
Para compreendermos as ocorrências morais e nada éticas de um sociopata, precisamos rever todo conceito básico do que nós, possuidores de consciência e culpa entendemos por isso. Falhas nas organizações educacionais de fatores morais/familiares e escolares merecem atenção para que possamos compreender onde existe a possível “falha” tão aprovada per estas pessoas portadoras do transtorno de personalidade.
Procurando entender a real importância da família perante a formação do ser humano, precisamos primeiramente nos questionar: “ Não é chocante saber e perceber que tais comportamentos moralmente incompreensíveis são exibidos por pessoas aparentemente “normais” ou comuns?” “ Quem cultiva estes ‘predadores’ sociais?”
A importância da família na educação de seus filhos torna-se base sólida para toda geração da humanidade, todos nós buscamos acreditar que nossos parentes, amigos próximos e companheiros são pessoas capazes de ser confiáveis, porém, precisamos buscar na base familiar as reais atitudes tomadas em relação às dificuldades que estas pessoas encontraram e encararam ao longo de seus percursos.
Quando falo da importância da família em relação a educação moral e a ética, falo perante as habilidades que certas pessoas possuem em apresentar uma “cultura de esperteza” dentro do contexto social; a nossa sociedade vem a cada dia banalizando mais o mal e acaba contribuindo para as inversões de valores morais, acarretando assim, na inversão da ética. È preciso criar habilidades sociais representativas sobre e importância de se cultivar o valoroso senso de consciência, sendo este, capaz de assegurar a nossa qualidade de vida.
Entende-se por MORAL: 1. Conjunto de regras de conduta ou hábitos julgados válidos,quer universalmente, quer para um grupo de pessoa determinada. 2. (...). 3. O conjunto de nossas faculdades morais; brio, dignidade. (...); por ÉTICA: 1. Estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta humana, do ponto de vista do bem e do mal. 2. Conjunto de normas e princípios que norteiam a boa conduta do ser humano. ( in Aurélio, dicionário. )
"Até pouco tempo atrás existia a convicção de que a capacidade humana de distinguir o certo do errado era algo aprendido nas relações interpessoais. Dessa forma, a única maneira de obtermos indivíduos morais seria educá-los e condicioná-los socialmente. Assim, caberia à sociedade e à cultura estabelecer, ao longo de toda a vida, o que os indivíduos podem ou não fazer. Não há como negar que muitas das regras sociais direcionadas ao certo e ao errado precisam ser aprendidas." ( Ana Beatriz Barbosa Silva in Mentes Perigosas, pág.152)
De acordo com muitos estudiosos e pesquisadores, houve uma demonstração comprovada de que o cérebro humano depende muito pouco do aprendizado social, hoje, comprova-se que este aprendizado se evoluiu de acordo com a seleção natural, ou seja, tudo indica que as habilidades cerebrais de distinguir o certo e o errado já vem codificado em nosso DNA; sendo assim, cabe a nós o identificarmos e aplicarmos da maneira que bem compreendemos em nossos valores.
" (...) a estimulação tátil, além de significar uma troca gostosa e de propiciar sensações de proteção e segurança,fornece material para o indivíduo criar uma identidade(...)
(...) Todos nós queremos der reconhecidos.Todos nós necessitamos de carícias. As carícias, os toques, o carinho compõem o ALIMENTO IDEAL para o desenvolvimento do ser humano como um todo. Nenhuma criança ( ou adulto) aguente a indiferença dos pais! Um beijo é melhor do que um tapa. Mas um tapa é melhor do que a indiferença...! E, por não aguentar a indiferença, a criança vai experimentar condutas às vezes estranhas para chamar a atenção, até encontrar uma que funcione." ( Roberto Shinyashiki in A Carícia Essencial - Uma psicologia do afeto. p.17,30)
Bibliografia:
* Sánchez-Cano, Manuel. Manual de assessoramento psicopedagógico/Maneul Sanchez-Cano, Joan Bonals; tradução: Ernani Rosa; revisão técnica: Maria de Fátima Duarte Martins. - Porto Alegre: Artmed,2011.
* Silva, Ana Beatriz B. ( Ana Beatriz Barbosa). Mentes perigosas: o psicopata mora ao lado/Ana Beatriz Barbosa Silva - Rio de janeiro: Objetiva,2008.
* Escritos de educação/Maria Alice Nogueira e Afrânio Catani (organizadores).- Petrópolis,RJ: Vozes,1998.-(Ciências sociais da educação)
* Shinyashiki,Roberto T.,1952. A carícia essencial: uma psicologia do afeto: introdução de José Ângelo Gaiarsa / Roberto Shinyashiki. 1ª edição - 1985. São Paulo:Editora Gente.
( Parte de estudos iniciados em janeiro a de 2011, por Thaís Cerqueira Jorge Nogueira a partir de estudos bibliográficos).